Recife está prestes a ganhar dois grandes parques públicos e um novo sistema viário que conectará o Centro à Zona Sul. O projeto, fruto de uma parceria entre a Prefeitura e a construtora Moura Dubeux, faz parte da requalificação do Cais José Estelita e promete transformar a mobilidade urbana e o uso dos espaços públicos na capital pernambucana.
Com investimento total de R$ 140 milhões, as obras incluem a criação do Parque do Cais, com 33 mil metros quadrados, e do Parque da Memória Ferroviária, com 55 mil metros quadrados. Os dois espaços serão ligados por uma grande esplanada para pedestres, que integrará a Avenida Dantas Barreto à orla da Bacia do Pina.
De acordo com o prefeito João Campos, a iniciativa representa um marco urbanístico. “Com a integração viária e dois novos parques, vamos criar 9,5 hectares de área pública, sem uso de recursos públicos. É uma contrapartida da iniciativa privada”, afirmou.
O Parque do Cais, que será operado pela Prefeitura após a conclusão da obra, deve ter suas obras iniciadas no primeiro semestre de 2025. A entrega está prevista até o final de 2026. O espaço contará com 1,7 km de ciclovias, calçadas amplas, áreas de lazer, paisagismo com vegetação nativa, conforto térmico e estrutura acessível para todas as faixas etárias.
Um dos destaques é a transformação da antiga alça do viaduto próximo ao Cabanga em área verde, com lago e paisagismo, reconectando a cidade com a orla do Recife. O parque também vai contar com infraestrutura para pedestres e ciclistas, promovendo integração com o entorno urbano.
Já o Parque da Memória Ferroviária resgata a história da cidade, ocupando uma área de 55 mil metros quadrados entre o Forte das Cinco Pontas e o antigo eixo ferroviário de transporte de açúcar. O local foi sede da segunda linha de trem do Brasil, inaugurada logo após a do trecho Rio de Janeiro–Petrópolis.
O espaço será dedicado à preservação e uso cultural, com restauração de aproximadamente 30 galpões e casarios históricos, além da antiga estação ferroviária e de uma caixa d’água. Ao todo, serão investidos R$ 30 milhões na recuperação desses bens, sendo R$ 12 milhões voltados apenas para os antigos galpões.
As intervenções estão sendo coordenadas pelo Consórcio Novo Recife, com participação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) e da Prefeitura. O projeto prevê redes subterrâneas de energia, água, esgoto, gás natural, internet e iluminação em LED. Um novo sistema de drenagem será implantado para reduzir alagamentos na região de São José.
A primeira fase das obras no Parque da Memória deve começar ainda no primeiro semestre de 2025. A caixa d’água e os galpões próximos ao viaduto serão os primeiros a passar por restauração, marcando a transição entre os dois parques.
Segundo o diretor da Moura Dubeux, Eduardo Moura, o projeto reforça a importância da integração urbana. “Essa obra é muito significativa para o bairro de São José. Ela facilita o acesso à orla e promove o resgate do nosso patrimônio ferroviário”, destacou.
Um plano de gestão, uso e conservação dos espaços está em desenvolvimento pelo Iphan e pela Prefeitura, definindo os critérios para ocupação dos imóveis restaurados. A meta é dar múltiplos usos aos espaços, respeitando as diretrizes de conservação e incentivando atividades culturais e educativas.
A execução integral do Parque da Memória Ferroviária ainda depende de aprovação técnica dos órgãos competentes, como o Iphan, a Fundarpe e a Prefeitura. Com essas chancelas, será possível buscar recursos públicos para completar as obras.
O novo sistema viário, que vai ligar a área central ao Cais José Estelita, deve ser entregue até junho de 2025. Ele será parte fundamental da reconfiguração urbana da região, aliviando o tráfego e facilitando a circulação de pedestres e ciclistas.
Com as intervenções, Recife se junta a outras capitais brasileiras que apostam na valorização de áreas centrais por meio de parques urbanos, integração de modais e recuperação de patrimônio histórico. A transformação do Cais José Estelita sinaliza uma mudança de paradigma no planejamento urbano da cidade, com foco na sustentabilidade, mobilidade e uso coletivo do espaço público.